Na Arábia, paranaibense do vôlei convive com nova cultura

O paranaibense Thiago Antônio Machado, o Thiagão, ou Magrão, como é conhecido pelos amigos e pessoas próxima em Paranaíba, tem se adaptado bem à cultura da Arábia Saudita, que é totalmente diferente a da brasileira. O atleta, de 29 anos, joga no Al Nasr (Nasser), que fica em Riade (Riyadh), capital do país.

 

A oportunidade de jogar na Arábia surgiu por meio de um empresário do país, que contatou o agente do jogador no Brasil, Rogério Pires, de São Paulo; então surgiu a proposta e eles chegaram a um acordo. O jogador chegou em dezembro de 2014 e tem contrato de seis meses.

 

A recepção na Arábia, contou, foi muito boa e calorosa. “O pessoal aqui é muito hospitaleiro e simples”. Já a cultura, acrescentou, é totalmente diferente do que os brasileiros estão acostumados, uma vez que é bem fechada por conta da religião. “As coisas aqui são completamente diferentes. Para se ter uma noção, aqui nos restaurantes existem lugares para solteiros e lugares para família. Não podem se misturar. As mulheres não têm o direito de dirigir aqui e andam toda cobertas, só com os olhos pra fora da burka”, esclareceu.

 

Ele observou que também é proibido o uso e venda do álcool, porque é crime e pecado, segundo o Corão. Eles rezam cinco vezes pré-determinadas ao dia e param tudo o que estiverem fazendo para orar. “Tudo mesmo! Fecham as lojas, restaurantes e, inclusive, param o jogo, não importa o placar. Não existem cinemas, teatros e baladas”, explicou.

 

Thiagão fala inglês, mas a grande maioria no time não fala, somente dois jogadores da equipe. “Mesmo assim conseguimos nos entender, e devagar vou aprendendo um pouco do árabe, que é muito, mas muito difícil”, contou.
Em relação à comida, ele contou que não é tão diferente, uma vez que comem muito arroz, frango, batata, carne vermelha (inclusive camelo). Só não é possível encontrar, de maneira nenhuma, carne de porco e seus derivados, porque também é pecado consumir, segundo o Corão. “A minha alimentação eu mesmo faço, porque vivo em constante dieta; como muita batata doce, macarrão, ovos e peito de frango”, disse.

 

O atleta já passeou bastante por Riade, onde ele mesmo dirige. Quase toda sexta-feira (dia de descanso aqui, como o domingo no Brasil) ele vai ao centro da cidade, que é uma área mais moderna e internacional. “Visito alguns lugares, tomo um café, compro alguma coisa e só. Não há muita opção de lazer aqui, ma há muitos lugares bonitos, palácios, entre outros”, comentou.

 

Atualmente o Al Nasr disputa o campeonato saudita e está na quarta colocação. A competição está em recesso e volta no dia 2 de fevereiro. O nível da competição não é muito alto e, assim como no futebol, os atletas são atraídos pelos bons salários.A experiência de viver em um país tão distante e diferente é muito válida, conforme Thiagão, porque está vivendo algo totalmente distinto de tudo o que passou. Ele destacou que é bastante difícil chegar, morar e trabalhar em um lugar tão diferente.

 

“Aqui nem sequer posso conversar com uma mulher, porque posso ser preso. Mas com o passar do tempo a gente vai se acostumando, se adaptando, fazendo amizades, entendendo um pouco da cultura deles e, o mais importante, sempre respeitando e conhecendo os limites. É uma experiência que vou levar para o resto da vida”, concluiu.
Thiagão começou a jogar em Paranaíba, na escola Caminho, com o professor Diucleber Martins Ribeiro, logo em seguida, passou a integrar a equipe da cidade, com o professor Pedro Correia Rodrigues (Pedrinho). Após ser visto em uma competição estadual, o técnico de Campo Grande o convidou para integrar a equipe da capital em 2001. Ele disputou três campeonatos brasileiros e depois foi para o Banespa.

Jornalista, fotógrafo, editor chefe do portal InterativoMS e apaixonado por inovação e política.

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