Jovem relata caso de intolerância religiosa em Paranaíba

Os casos de intolerância religiosa que tanto chocam ao aparecer na TV parecem estar longe da realidade de Paranaíba, porém a postagem de uma mulher de 18 anos na rede social Facebook mostra que a realidade é diferente. Em entrevista ao InterativoMS, Wellidha Naihara contou o que ela e sua Família passam, por seguirem uma religião Afro-Brasileira.

 Na entrevista a moça conta que sofreu bullying na escola por conta de sua iniciação religiosa, e que o irmão foi agredido nas proximidades da escola, também por conta da religião da família. Além de agressões a casa da família, que fica aos fundos do centro que seus pais são responsáveis. Veja a entrevista abaixo.

Veja a entrevista

Repórter – Como é viver em Paranaíba seguindo uma religião Afro-brasileira?


Entrevistada- Bom, quem conhece a religião, sabe que para ter a iniciação é preciso raspar a cabeça, para nós mulheres já é complicado seguir tal padrão que a sociedade impõe, ainda mais de cabeça raspada, as coisas pioram quando descobrem que somos de religião afro-brasileira.

Repórter – Quando e onde você começou a perceber os primeiros casos de intolerância religiosa?

Entrevistada- O primeiro caso de intolerância religiosa ocorreu em sala de aula, não vou citar o nome da escola e nem do diretor, o mesmo garantiu a minha mãe que eu estaria segura de qualquer preconceito.

Mas não foi o que esperávamos, em sala de aula eu sofri com piadinhas de mal gosto, as próprias colegas de sala se afastaram de mim, uma até pegou uma folha da minha mão com nojo, como se fosse uma doença.

O meu irmão que agora está com 12 anos foi agredido na esquina dessa mesma escola, por causa de religião. Seguraram e agrediram, tudo com a mesma idade que ele.

Repórter – Você disse que houveram casos de discriminação na escola, houve alguma denúncia?

Entrevistada- Não houve denúncia pois o diretor disse que tomaria providencias, mas nada foi feito.

Repórter- A mudança de colégio resolveu o caso?

Entrevistada – Me mudei de escola e agora sou muito bem acolhida pelos diretores e colegas, a diretora entende que tem dias que eu tenho alguma função para fazer e me dispensa da aula, da mesma forma que ela trata o mesmo colega que estuda comigo, que precisa ir embora por que tem que ir para igreja.

Repórter- Como é viver junto a um centro religioso afro-brasileiro?

Entrevistada- Como eu disse na minha publicação, moro no fundo de um centro espírita, dirigido pelos meus pais, o mesmo local já sofreu ataque, como garrafas de vidro jogadas na porta, pedras.

Quão importante foi o apoio de sua família, nesse momento mais crítico de intolerância na escola?

Entrevistada- Foi muito importante o apoio que eles me deram, como eu estava nova aquilo me abalou muito, tanto a mim quanto ao meu irmão, a gente já não queria mais ir para escola, sem eles eu com certeza não teria a coragem que tenho hoje de assumir e aceitar o que sou e o que sigo

Repórter- Qual recado gostaria de deixar para quem não compreende sua fé, e agride a quem frequenta as religiões afro-brasileiras?

Entrevistada- A única coisa que nós, candomblecistas, queremos é respeito, que antes de julgar, agredir, maltratar, conheça, o conhecimento te mostra um mundo diferente, não adoramos demônios, não pregamos a maldade, pelo contrário, o Candomblé prega o amor, a paz entre nós!

Minha igreja eu chamo de barracão.

Meu xire é a mesma coisa que um culto ou missa.

Acredito em Jesus Cristo que eu chamo de Oxalá.

Acredito em Deus que eu chamo de Olorum.

Visto o branco que simboliza a paz.

Minha oração ou hino eu chamo de cantiga.

Meus santos eu chamo de orixás.

Meu amém ou aleluia eu chamo pelo nome Axé.

Por isso, não importa o caminho, desde que tenhamos amor, caridade e, principalmente, respeito.

Jornalista, fotógrafo, editor chefe do portal InterativoMS e apaixonado por inovação e política.

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