Operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) que, na manhã desta segunda-feira (26), prendeu o prefeito Carlos Ruso (PSDB), o secretário municipal Helder Botelho (Educação) e sete dos 11 vereadores de Ladário –a 419 km de Campo Grande– também apreendeu dinheiro em espécie, que serve como prova dos pagamentos feitos pelo chefe do Executivo aos parlamentares em troca de apoio político. O mensalinho, conforme o procurador-geral de Justiça, Paulo Passos, variava entre R$ 1,5 mil e R$ 3,5 mil e acontecia há mais de um ano.
A apuração, segundo destacou o Diário Corumbaense, teve início na Promotoria do Patrimônio Público de Corumbá, vizinha a Ladário, onde a denúncia sobre o mensalinho foi protocolada. “O caso foi compartilhado com a Procuradoria-Geral de Justiça, uma vez que compete ao procurador a investigação de crimes praticados por prefeitos”, destacou Passos, segundo quem foram feitas as apurações e solicitadas medidas cautelares ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), acompanhadas da denúncia e dos pedidos de prisões acatados pelo desembargador Emerson Cafure.
O titular da PGJ seguiu para Ladário para acompanhar a ação do Gaeco. Passos destacou que o mensalinho era pago há mais de um ano, porém, o montante total ainda não foi apurado. “Eram pagos valores de R$ 3,5 mil, R$ 1,5 mil, R$ 2,5 mil, para membros da Câmara Municipal darem apoio político ao prefeito de Ladário”, disse. Cada vereador da cidade já recebe R$ 6 mil a título de subsídio.
Contundentes
Passos afirmou que pediu a prisão preventiva –por tempo indeterminado– e o afastamento dos envolvidos dos cargos públicos que ocupavam porque as provas são “contundentes” e muito graves, de forma a impedir que os crimes continuassem a ser praticados.
“Na visão do Ministério Público essas provas são contundentes, os fatos são graves e não é possível mais que pessoas que detêm o poder político tratem a coisa pública como se particular fosse. A sociedade não tolera mais atos de corrupção”, afirmou o procurador-geral.
Ela ainda confirmou a apreensão de pagamentos que fariam parte do mensalinho. “Os pagamentos eram feitos em dinheiro vivo. Foram apreendidos vários desses pagamentos, porque já existiam medidas cautelares do Ministério Público em andamento. Há comprovação, há apreensão desse dinheiro. Tínhamos o conhecimento do que vinha acontecendo e ao longo do tempo fomos investigando, apurando e conseguimos, na visão do Ministério Público, comprovar a prática desses atos”, declarou. “O mensalinho era para aprovar o projeto político e atender aos interesses, principalmente do titular do Poder Executivo”.
O Gaeco apreendeu documentos na Prefeitura e na Câmara de Ladário. Todas as provas serão trazidas para Campo Grande. O conteúdo dos materiais não havia sido divulgado até a veiculação desta matéria.
Vai e volta – Conduzidos primeiramente para a Delegacia de Polícia Civil de Ladário, os presos também vieram para a Capital e levados para o Centro de Triagem Anizio Lima, onde serão ouvidos e, na sequência, devem voltar ao município de origem.
Os vereadores presos foram Vagner Gonçalves (PPS), Agnaldo dos Santos Silva Junior (PTB), André Franco Caffaro (PPS), Augusto de Campos (MDB), Lilia Maria Villalva de Moraes (MDB), Paulo Rogério Feliciano Barbosa (PMN) e Osvalmir Nunes da Silva (PSDB). Todos os presos são suspeitos de associação criminosa e corrupção ativa e passiva.
O presidente da Câmara de Ladário, Fábio Peixoto Gomes (PTB), que colabora com as investigações, disse ao Campo Grande News que ele e dois outros parlamentares –Daniel Benzi (MDB) e Jonil Barcelos (Progressistas)– chegaram a receber R$ 3 mil para evitar denúncias sobre a administração de Ruso.
Gomes também disse que dará posse nesta segunda-feira ao vice-prefeito, Pastor Iranil Soares (PSDB) e os sete suplentes dos vereadores presos. A assessoria do futuro prefeito de Ladário confirmou a posse para as 19h, na Câmara Municipal. Iranil passou a tarde no Paço Municipal para se inteirar de situações administrativas.