O ‘Gatilho’ que cura: novo integrante de 04 patas transforma o medo em esperança na DAM de Paranaíba

O Gatilho que cura na DAM Paranaíba MS
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Quem entra em uma delegacia geralmente carrega um peso invisível: a tensão do trauma, o medo do relato e a incerteza do futuro. Mas, na Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) de Paranaíba, esse cenário árido ganhou recentemente um contraponto de suavidade e calor. Ele tem pelos macios, um caminhar silencioso e atende pelo nome de Gatilho.

Não se trata de uma peça de um inquérito policial, mas sim do mais novo e amado membro da equipe: um gato resgatado que encontrou na delegacia um lar e, em troca, ofereceu aos policiais e vítimas uma nova forma de enxergar o atendimento humanizado.

Uma missão além da segurança pública

Gatilho chegou à unidade precisando de cuidados, mas logo revelou uma vocação natural para cuidar. A sua função oficial não está nos estatutos, mas é sentida no ar: o suporte emocional.

Para as mulheres que buscam a DAM, a presença do animal oferece uma quebra na rigidez institucional. Mas é com as crianças, muitas vezes vítimas diretas ou testemunhas da violência doméstica, que o “efeito Gatilho” se manifesta com maior potência. O ambiente, que poderia ser intimidador para os pequenos, torna-se um espaço de curiosidade e interação.

“A presença dele tem um efeito transformador. Ele ajuda a aliviar o medo, reduzir a tensão e facilitar o diálogo. Muitas vezes, o primeiro sorriso de uma criança aqui dentro vem justamente após um carinho nele”, relata a equipe da DAM.

Segundo especialistas em psicologia jurídica, animais de apoio emocional em ambientes forenses ou policiais atuam diretamente no sistema límbico do cérebro, responsável pelas emoções. Ao acariciar o animal, a criança reduz seus níveis de cortisol (hormônio do estresse) e libera ocitocina, facilitando a fala e permitindo que o depoimento ou o acolhimento ocorra de forma menos traumática.

A ressignificação de um nome

A escolha do nome não foi por acaso, mas um convite à reflexão profunda. Na psicologia e no cotidiano forense, a palavra “gatilho” é frequentemente associada ao despertar de memórias dolorosas ou traumas latentes. A equipe da DAM de Paranaíba decidiu inverter essa lógica.

Ali, Gatilho é sinônimo de disparar o afeto, acionar a escuta ativa e liberar o acolhimento. “Ele é um lembrete vivo de que, mesmo em espaços marcados por histórias difíceis, é possível semear empatia, cuidado e esperança”, destaca o comunicado da unidade.

Um lar de servir e proteger… com amor

A adoção do felino reflete uma tendência moderna da segurança pública, que entende que proteger o cidadão vai além da aplicação da lei penal; exige enxergar o ser humano por trás do boletim de ocorrência.

Gatilho, que um dia precisou ser salvo, hoje ajuda a salvar o dia de quem precisa de um ombro, ou melhor, de um colo,  amigo. Em meio a depoimentos e papéis, ele passeia com a tranquilidade de quem sabe que sua missão é garantir que a humanidade nunca saia de cena.

Para a população de Paranaíba, fica a mensagem: a delegacia é um lugar de justiça, mas também é, cada vez mais, um lugar de acolhimento.

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Jornalista, fotógrafo, editor chefe do portal InterativoMS e apaixonado por inovação e política.

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