Em um julgamento que começou às 8h da terça-feira (31), Lúcio Roberto Queiroz Silva, um policial militar ambiental, foi condenado a 32 anos e 8 meses de prisão por duplo homicídio qualificado.
De acordo com a acusação, Silva foi denunciado por duplo homicídio qualificado por motivação torpe e sem chance de defesa das vítimas. No caso de Regianni Rodrigues, ainda foi incluído o feminicídio como qualificadora. Familiares das vítimas estiveram presentes no julgamento, que foi presidido pelo juiz Edmilson Ávila e teve sete jurados, sendo quatro mulheres e três homens.
O promotor Leonardo Palmerston e a advogada assistente Daiana Strege representaram a acusação, enquanto o advogado José Rosa defendeu o réu. Após uma avaliação cuidadosa dos fatos, os jurados optaram foi pela condenação do policial militar ambiental.
O crime
Conforme o Ministério Público, no dia dos crimes, por volta das 20 horas, o policial foi até uma residência onde estava o corretor de imóveis e matou-o, “por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima”. Fernando dormia no sofá da casa da sogra quando foi morto.
Após esse assassinato, o réu foi até outra residência, casa dos pais dele, e matou a esposa, também “por motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e por razões da condição do sexo feminino”.
O policial e a esposa viveram juntos por 12 anos, enquanto o corretor de imóveis era casado também, tendo convivido com a esposa por cinco anos. No dia dos crimes, o corretor e a mulher estavam na casa dos pais dela, em uma reunião familiar, enquanto o policial e a esposa participavam de outra confraternização, na casa dos pais dele.
No final da tarde, depois de ingerir bebida alcoólica, o corretor deitou-se para descansar no sofá da sogra e, antes de dormir, desbloqueou o celular para sua mulher fazer uma ligação. Enquanto usava o celular do marido, chegaram mensagens por um aplicativo de conversa, sendo estas encaminhadas pela mulher do policial.
A mulher do corretor respondeu como se fosse ele, imaginando que ambas as vítimas mantinham caso extraconjugal. A seguir, a mulher entrou em contato com o policial e enviou a ele os prints da conversa.
O policial questionou a esposa sobre a possível infidelidade, mas ela negou. Então, ele foi até a residência onde o corretor estava, desceu do carro armado de uma pistola .40, de propriedade da Polícia Militar.
Na frente da casa estavam a sogra do corretor, a mulher com sua filha menor no colo e uma amiga – ambas tentaram impedir sua entrada, ao perceber a intenção, mas não conseguiram impedir.
O policial encontrou o corretor deitado no sofá, de costas para a porta, e o acertou com um chute violento, exigindo que pegasse o celular, e repentinamente atirou na vítima que, mesmo atingido, tentou fugir. O réu perseguiu o corretor e atirou mais quatro vezes, matando-o.
De volta ao local onde estava com a esposa, o policial disse que matou o corretor e faria o mesmo com ela. Ele apontou a arma e atirou seis vezes, matando-a. Antes de atirar, o policial obrigou o filho do casal a entrar em um dos quartos, entretanto o garoto não só ouviu tudo como, após o assassino deixar a local, viu a mãe morta no sofá da casa. Após os crimes, o réu deixou a arma usada nos assassinatos e fugiu com o carro dos pais.