A Secretaria Municipal de Saúde de Dourados no interior de Mato Grosso do Sul deu um passo inédito nesta quarta-feira (3), ao lançar uma campanha de vacinação gratuita contra a dengue. A ação visa alcançar cerca de 150 mil pessoas, compreendendo faixas etárias de 4 a 59 anos. Essa iniciativa é fruto de uma colaboração com o laboratório japonês Takeda, responsável pelo desenvolvimento da vacina Qdenga, já disponível na rede privada de saúde.
O município recebeu do laboratório aproximadamente 90 mil doses da vacina, distribuídas estrategicamente por todas as unidades básicas de Saúde (UBS). Para obter a primeira dose, os interessados devem se dirigir à unidade de saúde mais próxima, portando documentos como CPF e carteirinha do Sistema Único de Saúde (SUS).
No panorama nacional, o Brasil se tornou o primeiro país a incorporar a vacina Qdenga ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do SUS, conforme anunciado pelo Ministério da Saúde em dezembro do ano passado. A disponibilidade inicial não será em grande escala, priorizando públicos e áreas determinadas pelo Ministério da Saúde.
A Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) analisou e aprovou a inclusão do imunizante. Estima-se a chegada de mais de 5 milhões de doses até 2024, entre fevereiro e novembro, expandindo gradativamente a cobertura.
A vacina Qdenga, registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é indicada para prevenção da dengue causada por qualquer sorotipo do vírus em pessoas de 4 a 60 anos, independentemente de exposições anteriores.
Os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan online) do Ministério da Saúde revelam um recorde de mortes por dengue em 2023, totalizando 1.079 óbitos até 27 de dezembro. Em 2022, foram contabilizados 1.053 óbitos.
O ciclo completo de imunização exige duas doses, com intervalo de três meses. Nos ensaios clínicos, a eficácia global alcançada foi de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo, após 12 meses da segunda dose. Além disso, a vacina reduziu as hospitalizações em 90%, de acordo com informações divulgadas pelo laboratório Takeda, que afirma uma imunização eficaz por até cinco anos.