Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do botijão de 13 kg aumentou 17,5% no intervalo de um ano em Campo Grande.
O produto chega a custar R$ 95,90 e pesa no orçamento tanto de revendedores como de famílias na Capital.
O preço médio do gás de cozinha passou de R$ 69,08 em abril do ano passado para R$ 81,18 em março deste ano.
Quando comparado com o preço mínimo aferido na Capital, a diferença encontrada é de R$ 11,90, passando de R$ 58 para R$ 69,90.
Em Mato Grosso do Sul, de acordo com os dados da ANP, o preço médio praticado pelas revendas era de R$ 71,40 há um ano – variando entre R$ 57 e R$ 90.
REAJUSTES
A Petrobras anunciou reajuste de 5% no preço médio do gás liquefeito de petróleo (GLP) e o aumento já começou a ser repassado às distribuidoras. Com isso, o quilo do produto passa a ser vendido a R$ 3,21, sendo este o terceiro reajuste no preço do botijão em 2021.
De acordo com informações da Petrobras, o preço médio da estatal às revendedoras será equivalente a R$ 41,68 por botijão de 13 kg.
Segundo a empresa, a alta reflete as movimentações da cotação internacional do petróleo, utilizado como insumo na produção do produto, além do câmbio.
Em nota, a empresa afirma que “os valores praticados nas refinarias pela Petrobras são diferentes dos percebidos pelo consumidor final no varejo. Até chegar ao consumidor, são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para envase pelas distribuidoras, além de custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores”.
No dia 6 de janeiro, a estatal anunciou aumento de 6% nos preços praticados nas refinarias da Petrobras.
Em fevereiro, o reajuste foi de 5% no preço médio do gás de cozinha.
Ao todo, são 13 aumentos consecutivos no preço do gás de cozinha desde maio do ano passado. Em Mato Grosso do Sul, o botijão com 13 quilos já ultrapassa a barreira de R$ 95,90.
REVENDEDORES
O aumento tem causado descontentamento entre os revendedores, que terão de repassá-lo para o consumidor, conforme relata Wagner Almeida, proprietário de um estabelecimento de revenda de gás em Campo Grande.
“O botijão de gás é um produto essencial na casa de milhares de famílias, sempre há pessoas à procura de produtos, mas antes compravam o gás e abasteciam o botijão reserva, isso não acontece mais por conta de uma série de reajustes. As vendas caíram, ainda mais em uma pandemia, as pessoas já chegam reclamando da falta de dinheiro ou do preço dos produtos”, disse ao Correio do Estado.
De acordo com a prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março, o preço do gás de cozinha subiu 4,60%, enquanto o gás encanado subiu 2,52%.
Os combustíveis registraram alta de 11,63%, só a gasolina subiu 11,18%, mas também houve variações nos preços do etanol (16,38%), óleo diesel (10,66%) e gás veicular (0,39%).
Para Thaís Souza, proprietária de um estabelecimento, a população se mostra bastante insatisfeita com os diversos reajustes em um curto período de tempo.
“Estamos atravessando um momento difícil, muitos clientes reclamam dos valores e do número excessivo de reajuste, mas não tem o que fazer, os reajustes vêm direto da distribuidora e, caso os estabelecimentos não repassem, ficamos no prejuízo. A população está sentindo o impacto no bolso, nunca o gás foi tão caro”, relatou a comerciante.
A Petrobras fica com 46% do preço do produto, enquanto a distribuição e a revenda respondem por 36% e 18%. Nas refinarias, o aumento chegou a 21,9% no ano passado.
CONSUMIDORES
A dona de casa Dalva Albuquerque, 52 anos, trabalha com revenda de doces e salgados e, desde o início da pandemia, essa foi a alternativa encontrada para complementar sua renda.
Dalva vende diariamente cerca de 45 salgados, ela relata que o preço do gás de cozinha, no entanto, tem afetado o seu lucro.
“Tudo está muito caro, eu fico assustada quando saio do mercado, parece que o nosso dinheiro não rende. Eu utilizo muito o forno da minha casa, preciso assar meus produtos e o preço do gás não ajuda. Antigamente, a gente comprava por R$ 40, R$ 60, agora só Deus sabe o que vai ser da gente daqui para frente”, destaca Dalva.
A técnica de enfermagem, Marcela Santos, 34 anos, também sentiu o impacto dos diversos aumentos de preço do botijão de gás em seu orçamento.
“Eu acho esses reajustes um absurdo, toda semana temos um aumento diferente, na gasolina, nos alimentos ou no gás de cozinha, o gás é um produto essencial, como que cozinha sem gás?! A última vez em que comprei estava quase chegando a R$ 100, é muito dinheiro”, pontuou.
PROMESSA
Em abril de 2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ser necessário “quebrar” o monopólio da Petrobras sobre o refino do petróleo e a distribuição.
“Daqui a dois anos, o botijão vai chegar pela metade do preço na casa do trabalhador brasileiro. Vamos quebrar os monopólios e baixar o preço do gás e do petróleo”, disse o ministro do governo Bolsonaro na época.
Em setembro de 2020, Guedes voltou a dizer que os preços do gás de cozinha cairiam até 30% após a aprovação da Lei do Gás.
Fonte: Correio do Estado