Copom inicia sexta reunião do ano sob expectativa de corte nos juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deu início à sua sexta reunião do ano, em Brasília nesta terça-feira (19). A pauta da reunião é a definição da taxa básica de juros, conhecida como Selic. Considerando a notável queda na inflação nos últimos meses, é amplamente esperado que o Copom reduza a Selic, atualmente em 13,25% ao ano, para 12,75% ao ano. Este seria o segundo corte desde agosto, quando o Banco Central suspendeu o ciclo de aumento dos juros.

No comunicado emitido após a última reunião em agosto, o Copom já havia indicado, por unanimidade, a intenção de realizar cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.

De acordo com a pesquisa mais recente do Boletim Focus, que reúne análises de especialistas de mercado, a taxa básica de juros deverá de fato cair 0,5 ponto percentual, embora algumas instituições sugiram um corte ainda maior, de 0,75 ponto percentual. A expectativa predominante no mercado financeiro é que a Selic termine o ano em 11,75% ao ano. A decisão final será anunciada pelo Copom na quarta-feira, 20 de setembro.

Inflação

Na ata da última reunião, o Copom também destacou que a evolução do cenário econômico, juntamente com a acentuada queda da inflação, proporcionou a “confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de redução da taxa de juros”. Após uma série de comunicados cautelosos no início do ano, que não descartavam a possibilidade de aumento da Selic, o Copom alterou sua abordagem devido ao comportamento dos preços.

Apesar da desaceleração da inflação, o Copom ressalta que alguns preços ainda estão subindo ou aumentando em um ritmo inferior ao previsto. Portanto, a autoridade monetária pretende reduzir os juros de maneira prudente.

“Independentemente da decisão anterior, seja um corte de 0,25 ponto ou um corte de 0,5 ponto na reunião anterior, havia consenso de que um cenário com expectativas de inflação reancoradas apenas parcialmente, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta de inflação e atividade econômica resiliente demanda uma abordagem mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária,” declarou a ata da reunião de agosto.

Com a forte desaceleração dos índices de preços nos últimos meses, as expectativas de inflação têm diminuído. De acordo com a última pesquisa Boletim Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central com instituições financeiras, a estimativa de inflação para este ano caiu de 4,93% para 4,86%.

Em agosto, impulsionado por habitação e saúde, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou 0,23%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de acelerar em comparação com julho, o indicador ficou abaixo das previsões devido à redução dos preços dos alimentos. Com esse resultado, o IPCA acumulou alta de 3,23% no ano e 4,61% nos últimos 12 meses.

Taxa Selic

A taxa básica de juros é fundamental nas negociações de títulos públicos do Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para outras taxas na economia. É o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Diariamente, o BC conduz operações de mercado aberto, comprando e vendendo títulos públicos federais, a fim de manter a taxa de juros próxima ao valor estabelecido nas reuniões.

Quando o Copom eleva a taxa básica de juros, a intenção é conter a demanda aquecida, o que tem impacto nos preços, uma vez que taxas mais altas encarecem o crédito e estimulam a poupança. Isso pode dificultar a expansão da economia. No entanto, além da Selic, outros fatores são levados em consideração pelos bancos na definição das taxas cobradas dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Ao reduzir a Selic, a tendência é que o crédito se torne mais acessível, incentivando a produção e o consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia, são apresentadas análises técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia brasileira e mundial, bem como o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, composto pela diretoria do BC, discutem as opções e definem a Selic.

Meta

Para este ano, a meta de inflação a ser perseguida pelo BC, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Portanto, o limite inferior é de 1,75% e o superior é de 4,75%. Para 2024 e 2025, as metas são de 3% para ambos os anos, com o mesmo intervalo de tolerância. A meta para 2026 será definida neste mês.

No último Relatório de Inflação, divulgado no final de junho pelo Banco Central, a autoridade monetária reconhece a possibilidade de um leve estouro da meta de inflação neste ano. De acordo com o documento, a estimativa é que o IPCA atinja 5% este ano. O próximo relatório será divulgado no final de setembro.

Jornalista, fotógrafo, editor chefe do portal InterativoMS e apaixonado por inovação e política.

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