Preço do café sobe 80% em um ano e se torna um dos maiores vilões da inflação no Brasil. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado pelo IBGE, o café moído foi o segundo item que mais impactou a prévia da inflação de junho, atrás apenas da energia elétrica. Somente entre maio e junho, a alta foi de 2,86%. No acumulado dos últimos 12 meses até junho, o aumento chega a expressivos 81,6%.
Enquanto o consumidor enfrenta o peso no bolso, no campo a realidade é diferente. A cotação do café arábica, o mais produzido no Brasil, caiu 17% entre fevereiro e junho, após o início da colheita. Especialistas apontam que essa queda deve começar a refletir nos preços ao consumidor entre 60 e 90 dias, de forma lenta e gradual. A expectativa é que uma redução mais significativa só aconteça em 2026, com a ampliação da safra brasileira.
O preço do café sobe 80% em meio a um cenário de menor estoque interno, aumento das exportações e impacto de fatores internacionais. A guerra no Oriente Médio alterou rotas comerciais, elevando a demanda europeia pelo café brasileiro. Além disso, a expectativa de uma nova legislação da União Europeia sobre desmatamento também acelerou as importações.
A diferença entre o preço no campo e nas prateleiras se explica pelo tempo necessário entre a colheita, o processamento e a distribuição. A safra atual de café robusta, por exemplo, deve crescer 28%, segundo a Conab, contribuindo para uma possível estabilidade futura. Já a do arábica deve cair 6,6% devido à seca. Mesmo assim, a inflação do café começa a desacelerar, sinalizando um início de alívio para os consumidores.
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