Ford F-150: o que o carro mais vendido do mundo evidencia sobre o mercado automotivo

No começo, quem dirigia esse veículo eram os fazendeiros. Mas hoje as picapes deixaram de ser uma ferramenta de trabalho para virar um produto de consumo que corre pelas ruas e estradas dos países desenvolvidos e as economias emergentes.

Não é estranho, então, que o veículo mais vendido do mundo seja a série Ford F e, dentro dela, seu modelo mais popular: a picape Ford F-150.

Só na primeira metade de 2018, a Ford vendeu 534.827 unidades no mundo todo, 3% mais que no mesmo período do ano anterior, segundo dados da consultoria de análise JATO Dynamics, que analisou 56 mercados internacionais.

E em 2017 as vendas superaram um milhão de veículos. A grande maioria foi parar no mercado dos Estados Unidos, onde há quatro décadas as vendas levam a dianteira.

Por que é o mais vendido?
A série Ford F esteve entre as primeiras do tipo que apareceram no mercado dos EUA depois da Segunda Guerra Mundial, com design mais confortável do que aqueles que se conhecia até então.

“Entrou cedo no mercado, oferecendo algumas características inovadoras”, diz M. Berk Talay, professor de Marketing da Universidade de Massachusetts Lowell.

Com o tempo, evoluiu até completar 13 gerações, um ritmo de atualização muito mais rápido que o resto de suas concorrentes.

“Essa inovação permanente ajudou a F-150 a manter sua liderança no mercado”, afirma o professor.

Nissan e Toyota têm tentado avançar no mercado das picapes, mas não tem sido fácil, considerando que o valor médio de uma F-150 chega a US$ 47 mil.

Desde que chegou ao mercado em 1975, a F-150 foi ganhando adeptos, à medida que os consumidores optaram por veículos de maior tamanho.

“Poderíamos dizer que a F-150 é um símbolo dessa tendência”, assinala o investigador.

Vendo por outro ponto de vista, também é possível dizer que essa caminhonete “é símbolo do êxito dos fabricantes de automóveis americanos para convencer os consumidores que precisam de veículos maiores”.

O que dizem os consumidores?
Dado que cerca de 80% das F-150 se vendem na Amércia do Norte (principalmente nos Estados Unidos), é possível fazer uma análise dos consumidores do veículo mais comprado no mundo.

Nos EUA, mais de metade de todas as vendas de veículos correspondem a caminhonetes ou vans, que se popularizaram entre as famílias com vários filhos.

Esse mercado cresceu com força na maior economia do mundo, já que, em comparação com outros países, o preço da gasolina é mais baixo, os impostos são menores e as estruturas urbanas lhe dão mais espaço para circular.

O problema é que esse tipo de veículo provoca mais poluição ambiental que os modelos de menores dimensões e é por isso que a expansão de suas vendas pode ser perigosa.

“Os consumidores preferem a conveniência pessoal a pensar nos custos ambientais ou de longo prazo”, comenta Talay.

Uma grande parte dos compradores vive em zonas suburbanas ou rurais. Entre eles, há famílias de classe média e empresas de tamanho pequeno ou médio.

No últimos anos, no entanto, os fabricantes de picapes têm adicionado características mais luxuosas para atingir um segmento com maior poder aquisitivo.

“À medida que passa o tempo, é provável que aumente o número de pessoas que compra uma caminhonete por razões que vão mais além de sua utilidade”, aponta Talay.

Mais luxo
De fato, as F-150 estão sendo projetadas para o conforto dos passageiros, incluindo uma segunda fileira de assentos, conexão Bluetooth, isolamento de ruído e bancos de couro.

O sucesso das picapes é tão grande que algumas empresas como a Ford estão reduzindo a produção de modelos sedã. A empresa anunciou planos de deixar de produzir esse tipo de carro em julho do ano passado.

Os únicos modelos que seguiria vendendo depois de 2020 são o icônico Mustang e uma nova versão do Focus, que será mais próxima a uma perua que a um sedan.

No ranking dos mais vendidos no mundo, depois da série Ford F, segue o Toyota Corolla (versão sedan), Volkswagen Golf, Honda Civic e Toyota RAV4.

Fonte: Época Negócios

Jornalista, fotógrafo, editor chefe do portal InterativoMS e apaixonado por inovação e política.

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