UEMS Paranaíba: Professor ‘obriga’ alunas a confessarem a colegas que estão menstruadas para irem ao banheiro

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (DCE/UEMS) emitiu uma nota de repudio contra um professor da unidade universitária de Paranaíba após supostos casos de autoritarismo e ações antididáticas segundo a publicação.

A nota afirma que a turma do último ano do curso de direito vem sofrendo constrangimentos durante as aulas através de zombarias proferidas pelo docente desde o início do ano letivo.

Em um episódio que teria sido o mais constrangedor o professor teria adotado a medida que os alunos apenas poderiam sair da sala de aula para tomar água e ir ao banheiro mediante autorização do docente e pelo tempo máximo de três minutos. O descumprimento da regra acarretaria em uma lista extra de exercícios como forma de punição afirma a publicação do DCE

Ao ser questionado em caso de alunas que necessitassem de um prazo maior por estarem menstruadas, o docente teria afirmado que as alunas deveriam comunicar a turma inteira do fato para haver um tempo extra devido a sua necessidade.

O diretório classificou na nota as atitudes como autoritárias, e afirma ainda que este não seria um caso isolado na unidade de Paranaíba, e que atitudes como as do professor prejudicam a credibilidade da instituição, e que repudia as ações de constrangimento contra os alunos.

A assessoria da UEMS emitiu uma nota a respeito do caso, confira abaixo

A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) esclarece que tem  
conhecimento dos fatos ocorridos em Paranaíba. E, internamente, a  
Administração já está atuando na averiguação dos fatos para tomar as  
providências necessárias.

Assessoria de Comunicação da UEMS

 

Confira a nota do DCE na integra

O Diretório central dos Estudantes (DCE/UEMS), vêm à público manifestar completo repúdio aos tirânicos episódios na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul- Unidade Universitária de Paranaíba, que culminaram na restrição à liberdade individual de estudantes do último ano do curso de direito.

Tais restrições vinham ocorrendo costumeiramente desde o início do período letivo, entretanto, em um episódio mais recente, extremamente vexatório e constrangedor, a turma viu a necessidade de se manifestar contra tais atitudes autoritárias e anti didáticas do docente.

Sabe-se que deve existir entre professor e acadêmicos uma postura de respeito, alteridade e solidariedade, o que não pôde ser observado no decorrer do ano, uma vez que são recorrentes as ações que demonstram autoritarismo e falta de respeito para com os discentes.

No dia xxx, os alunos desta turma relataram que desde o início da aula, o professor responsável pela disciplina x, agia de modo a constranger os discentes fazendo-lhes perguntas e conforme ouvia a respostas, zombava dos alunos por não terem respondido de acordo com o que achava devido. Enfatiza-se que o comportamento vexatório para com os discentes têm acontecido desde o início do ano letivo, o que contribuiu para que a sala, como um todo, se posicionasse contra essas atitudes.

No decorrer desta aula uma aluna decidiu sair da sala para beber água, logo o referido professor manifestou insatisfação a necessidade da aluna. Deste modo, estabeleceu condicionantes para que os(as) discentes se retirassem da sala independente da necessidade. A princípio era necessária uma permissão para sair da sala – situação absurdamente desnecessária que fere a liberdade de ir e vir de cada pessoa. Instituiu também um prazo de 3 minutos para que qualquer aluno que desejasse ir ao banheiro e beber água. Na hipótese dx discente não regressar a sala de aula no prazo estabelecido por ele, lhe seria imposto a resolução de uma lista de exercícios extensa como punição. Fato este que condiciona a liberdade individual de cada estudante.

Uma das alunas, que estava no meio de seu ciclo menstrual, constrangida com a situação, pediu para a representante de turma questionasse o professor como ficaria a situação de alguém que estivesse nessa situação. A resposta foi que esta aluna deveria comunicar a turma inteira que precisaria de um acréscimo de tempo devido a sua necessidade. Atitude esta que visa expor e ridicularizar uma aluna na condição de mulher.

Uma das alunas, que é cadeirante, precisou argumentar que precisaria de um tempo maior que o estabelecido para passar a sonda, procedimento necessário para evitar-lhe infecção urinária. A esta, foi concedido, um prazo de apenas 10 minutos.

O DCE – UEMS alerta que atitudes como estas são sintomáticos do autoritarismo que ronda a Universidade. Tal episódio não é isolado, e reflete um conjunto de outras ações desmedidas e opressoras vivida pelos estudantes desta Unidade Universitária produzidos por este docente. 

A UEMS é uma universidade que oferece uma formação humanística aos estudantes, visando formar profissionais e cidadãos com consciência ética, crítica e solidária. Entretanto, ações como as descritas, prejudicam a credibilidade da instituição, uma vez que não houve respeito às condições individuais de ser mulher, nem das singularidades de uma deficiência física.

Em síntese, reitera-se o repúdio a ações de constrangimento a estudantes, e cobra-se uma resposta sobre tais fatos, a fim de que os alunos possam retornar às aulas sem medo de coerção por parte de qualquer professor. Cobra-se, ainda, ações que visem mobilizar os estudantes a não se calarem diante de constrangimentos sofridos fora ou dentro de sala de aula.

Para além desta nota outras medidas foram tomadas ,e o Diretório aguarda que seja eficaz e ágil a fim de garantir o direito dos discentes e não acumular mais prejuízos a suas vidas , entre eles o prejuízo acadêmico.

Jornalista, fotógrafo, editor chefe do portal InterativoMS e apaixonado por inovação e política.

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